DEFEITOS INTERMITENTES: POR QUE SÃO TÃO DIFÍCEIS RESOLVER?

Às vezes, o carro apresenta alguns defeitos ingratos. Do nada, perde potência e uma luz acende no painel. O motorista para, desliga o motor, dá partida de novo e o defeito some, a luz apaga. Fica funcionando normalmente por dois, três dias, e de repente, acontece de novo. Este é um exemplo de defeito intermitente, que somente ocorre de vez em quando em situações muito específicas.

Quando o carro começa a apresentar esse tipo de problema o motorista fica em uma situação complicada, uma vez que perde-se a confiança no veículo. Afinal, a qualquer momento pode ficar ruim novamente, e quem garante que voltará ao normal logo em seguida, apenas desligando e religando?

Ao levar o carro na oficina, nenhum defeito é detectado pelo aparelho de diagnóstico automotivo, o scanner. E no teste de rodagem com o reparador, o defeito não se manifesta. Mas é só sair da oficina, rodar quatro ou cinco quarteirões que ele volta.

Nesse momento, o certo é fazer a volta e ir para a oficina com o carro ruim, para mostrar ao mecânico o defeito. Se possível, não desligá-lo ao chegar lá para que seja feito um diagnóstico com o scanner. Na maioria dos casos, o aparelho dará uma pista do que pode ser o problema, mas será preciso algumas horas de investigação para se determinar a real causa do defeito.

Normalmente defeitos intermitentes são causados por problemas elétricos de chicote ou mau funcionamento de algum componente eletrônico, que embaralha o sinal enviado para a central eletrônica do veículo, responsável por calcular e gerenciar o sistema de injeção de combustível.

Nos veículos modernos, os sensores que captam os dados do motor e câmbio automático estão mais precisos, com níveis de tolerância cada vez menores, por conta das leis de emissões de gases poluentes e efeito estufa. Assim, qualquer pequeno desvio de tensão pode afetar o bom funcionamento do sensor e, consequentemente, do veículo.

Independentemente da quantidade de componentes eletrônicos que o veículo possui, o bom funcionamento do motor exige três elementos em quantidades corretas e aplicados no tempo certo: ar (oxigênio), combustível e eletricidade (para a produção de faísca). A chave para a solução de um defeito intermitente começa na identificação de qual (ou quais) desses elementos está em falta, no momento da falha.

Porém, é preciso rodar com o veículo até que o defeito se manifeste, de preferência com um scanner conectado, para realizar medições dos parâmetros do motor. Por ser intermitente, o defeito pode surgir a qualquer momento, sem aviso prévio.

Segundo especialistas, esta é a pior parte da solução do defeito. Pode-se levar horas, dias e até mesmo semanas apenas para visualizar esses dados. É importante também anotar as condições ambientais quando o defeito aparece: temperatura externa, condição climática (sol, chuva), tempo entre a partida e o começo do defeito, condições do trânsito, quantidade de combustível no tanque, uso de algum equipamento elétrico do veículo (setas, multimídia, farol, ar-condicionado etc.). Quanto mais informação, melhor.

O defeito intermitente pode ser também em outros componentes do veículo, como na transmissão automática. Nos últimos anos, tem aumentado as vendas de carros automáticos, assim como o surgimento de defeitos relacionados a ele.

O câmbio automático trabalha em conjunto com o motor, e em muitos casos utiliza a mesma central eletrônica, e pode apresentar defeitos intermitentes ainda mais difíceis de resolver, como é o caso da Dodge Journey V6, 2016, com 90.000 km rodados que está na MegaCar, em São Paulo.

Carro de um único dono, o Journey foi adquirido zero km e sempre fez as manutenções preventivas em dia, até que chegou de guincho na oficina.

José Natal, proprietário da oficina MegaCar, conta que o carro apresenta um defeito intermintente. Após rodar aproximadamente 1 hora, ao parar no trânsito ou semáforo, o carro perde a marcha e morre. Ao dar a partida ele volta a funcionar. No entanto, nem sempre isso ocorre.

“Fui levá-lo a um colega, especializado em câmbio automático, para me ajudar no diagnóstico. No caminho, o carro apresentou o defeito. Ao chegar lá, rodamos alguns minutos e nada do defeito aparecer”, comenta Natal. “O carro já está a dois meses na oficina, sem um diagnóstico assertivo”, diz.

Esse tipo de defeito é o bicho-papão dos reparadores, pois é necessário investimento de muito tempo e dinheiro. Na maioria das vezes, a solução é encontrada na base da tentativa e erro, que definitivamente não é a forma mais eficiente, porém a única alternativa para resolver o problema.